quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Perfografia Edição#6_Barra Funda/SP

Perfografia Edição #6_Barra Funda/SP, 2012

Por Felipe Michelini

Parabélicos,

Obrigado por me serem tão DES. DESestruturadores, DESnormatizantes, DESterritorializadores.
Confesso que no começo estava curioso e até com um certo tipo de receio para saber o que era essa tal de perfografia. O que me aguardava? O que esse povo todo iria aprontar? Chegaram com toda a humildade e boa vontade do mundo e se dispuseram a compartilhar seus saberes e entendimentos. Por isso só tenho a agradecer muito pela generosidade de cada um dos componentes do coletivo. Pela generosidade e pela disponibilidade de corpo e mente, afinal os dois não se separaram... Juntos não só alcançamos certos estados performáticos, mas também entendemos nossas ações enquanto indivíduos e enquanto coletivo. Encontramos barreiras: quebramos algumas, nomadizamos outras e compusemos com outras mais.
COMPOR! COMPOSIÇÃO! AÇÃO!

Aprendi a valorizar cada passo, cada rastro, cada fio do meu novelo de lã pessoal e diário que entra em composição e se intercala com o de todos os outros milhares de indivíduos que compõe esse espaço.
Aventuras errantes pela cidade me levaram a um profundo questionamento do que eu represento para ela, para as pessoas e objetos, e pessoas-objeto que a compõe, e a forma como eu interfiro nela e ela em mim.
Obrigado senhores parabélicos por me despertarem um olhar sensível, por me colocarem em situação, por acionarem meu corpo vibrátil, por me tirar da solidão, por alegrar minhas tardes de quarta-feira, por compor comigo e com os outros, por me mostrarem a poesia e a importância do simples fato de se deitar no chão em uma praça no meio de uma avenida.

As vezes fecho os olhos e ainda consigo sentir o calor humano daquele bolinho de gente que caminhava para cima e para baixo unidos por um elástico que se metamorfoseava. Aquela sede no olhar, e sede de um olhar correspondido ou não (afinal ignorar também é compor não é mesmo?). Aquela vontade de embalar todos os passantes em um lindo passeio elastical. Não seria lindo se o mundo fosse um grande elástico em que as pessoas necessariamente precisariam se escutar e se ajudar para conseguirem se locomover plenamente? E será que não é?Obrigado por me mostrarem que o concreto das cidades possui uma alma verde que deve ser regada. Por me fazerem olhar para as cargas e descargas humanas. Por deixarem um rastro de pegadas de tinta pelo meu corpo. Por me mostrarem uma linda árvore insubível. Por performarem. Por serem. Por se tornarem. Por se disporem. Por praticarem.

Enfim, de tudo ficou a certeza de que tudo é incerto. Que não devemos simplesmente tolerar as relações, e sim estabelecê-las ao nosso modo. E principalmente que existem pessoas com vontade de mudança, e isso já faz meu peito se encher de esperança. Mais uma vez, obrigado ParabeLINDOS, pela experiência incrível e principalmente por não cagarem na performance!