| Perfografia Edição #6_Barra Funda/SP, 2012 |
Por Felipe Michelini
Parabélicos,
Obrigado por me serem tão DES.
DESestruturadores, DESnormatizantes, DESterritorializadores.
Confesso que no começo estava curioso e até
com um certo tipo de receio para saber o que era essa tal de perfografia. O que
me aguardava? O que esse povo todo iria aprontar? Chegaram com toda a humildade
e boa vontade do mundo e se dispuseram a compartilhar seus saberes e
entendimentos. Por isso só tenho a agradecer muito pela generosidade de cada um
dos componentes do coletivo. Pela generosidade e pela disponibilidade de corpo
e mente, afinal os dois não se separaram... Juntos não só alcançamos certos
estados performáticos, mas também entendemos nossas ações enquanto indivíduos e
enquanto coletivo. Encontramos barreiras: quebramos algumas, nomadizamos outras
e compusemos com outras mais.
COMPOR! COMPOSIÇÃO! AÇÃO!
Aprendi a valorizar cada passo, cada rastro,
cada fio do meu novelo de lã pessoal e diário que entra em composição e se
intercala com o de todos os outros milhares de indivíduos que compõe esse
espaço.
Aventuras errantes pela cidade me levaram a
um profundo questionamento do que eu represento para ela, para as pessoas e
objetos, e pessoas-objeto que a compõe, e a forma como eu interfiro nela e ela
em mim.
Obrigado senhores parabélicos por me
despertarem um olhar sensível, por me colocarem em situação, por acionarem meu
corpo vibrátil, por me tirar da solidão, por alegrar minhas tardes de
quarta-feira, por compor comigo e com os outros, por me mostrarem a poesia e a
importância do simples fato de se deitar no chão em uma praça no meio de uma
avenida.
As vezes fecho os olhos e ainda consigo
sentir o calor humano daquele bolinho de gente que caminhava para cima e para
baixo unidos por um elástico que se metamorfoseava. Aquela sede no olhar, e
sede de um olhar correspondido ou não (afinal ignorar também é compor não é
mesmo?). Aquela vontade de embalar todos os passantes em um lindo passeio
elastical. Não seria lindo se o mundo fosse um grande elástico em que as
pessoas necessariamente precisariam se escutar e se ajudar para conseguirem se
locomover plenamente? E será que não é?Obrigado por me mostrarem que o concreto das
cidades possui uma alma verde que deve ser regada. Por me fazerem olhar para as
cargas e descargas humanas. Por deixarem um rastro de pegadas de tinta pelo meu
corpo. Por me mostrarem uma linda árvore insubível. Por performarem. Por serem.
Por se tornarem. Por se disporem. Por praticarem.
Enfim, de tudo ficou a certeza de que tudo é
incerto. Que não devemos simplesmente tolerar as relações, e sim estabelecê-las
ao nosso modo. E principalmente que existem pessoas com vontade de mudança, e
isso já faz meu peito se encher de esperança. Mais uma vez, obrigado
ParabeLINDOS, pela experiência incrível e principalmente por não cagarem na
performance!