sábado, 25 de junho de 2011

Coletivo Parabelo no Performatividade.


Por Denise Rachel


O olho vê, a lembrança revê, a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.
Manoel de Barros




Performatividade, Educação, Arte e Outras, Cine Galpão Junho/2011



No sábado ensolarado do dia 18 de junho estávamos lá, Cine Galpão, ao entardecer de outono, preparados para a troca. Carregávamos nossas propostas, imbuídos de ideias, conceitos, práticas e reflexões a respeito de Arte e Educação para além das convenções. Uma arte educação performativa. Principalmente ativa. Era o evento Performatividade, educação, arte e outras...

Gotas de tinta e água respingavam um corpo plastificado na calçada. Pessoas eram convidadas a serem fotografadas enquanto pulavam. Um homoliquidificador escrevia e deixava ser escrito em uma lousa pendurada ao pescoço substantivos, adjetivos, verbos, observações. Momentos depois liquefazia um dicionário e compartilhava suas informações com o público atônito. Enquanto isso, um multicolorido gazebo era montado de forma nada convencional, dentro de uma sala fechada. Desenhos urbanos feitos por crianças alemãs eram expostos e comentados. Em seguida assistíamos a uma aula na qual a matéria ensinada, de forma interdisciplinar, era sobre maçãs de uma maneira cega e pragmática. Após um breve café o público artista educador (espectator) foi convidado a performar, utilizando materiais escolares para responder a questão: O que é Performance?

O evento organizado por Rodrigo Munhoz (Amor Experimental e a Ararambóia de Fogo), com participação de diversos artistas como Joanna Barros, Coletivo Parabelo, Grasiele Sousa, entre outros, trouxe à tona inquietações a respeito do acesso ao conhecimento artístico e de como o mesmo pode alcançar as pessoas das formas mais diversas, sem depender e questionando os moldes institucionais em que se insere. Conseguiu demonstrar através de ações simples e ao mesmo tempo ricas em conceitos, que o contato e a aprendizagem em arte podem ser fluidos, um saber construído a partir das relações de troca entre artista e público, educador e educando, vida e obra.

Então, seguimos pensativos para nossas casas, cientes da importância de que eventos como este se repitam e atinjam instituições artísticas e pedagógicas, como uma maneira de abrir caminhos na busca pelo acesso mais democrático ao bem cultural e ao saber artístico como atividade relevante e transformadora das condições sócio-políticas e culturais nas quais vivemos.