Por Denise Rachel e Diego Marques
Perfomeiros Residentes das Residências Nômades
UNESP/Barra Funda e CIEJA/Ermelino Matarazzo
As Residências
Nômades consistem na proposição de residências artísticas realizadas em
diferentes instituições de ensino, a fim de investigar processos criativos em
performance urbana de modo a testar pedagogias da performance. Ao nos remetermos
aos percursos nômades de outros povos, como os Walkabouts Aborígenes e as Guatás
Guaranis, encontramos no nomadismo uma combinação entre deslocamento e
assentamento de maneira a atender às necessidades de uma coletividade que se
organiza através de uma relação sensível com um dado contexto. Neste momento, as
Residências Nômades acontecem no Instituto de Artes da UNESP na Barra Funda e
no CIEJA Ermelino Matarazzo, localizados respectivamente nas zonas oeste e
leste de São Paulo.
Assim, as
Residências Nômades propõem o deslocamento entre o ensino superior e o ensino
básico como possibilidade de construção de conhecimento em arte da
performance. Para tanto, as residências
artísticas nas instituições de ensino são organizadas através do que denominamos
Mutirões Performáticos. A palavra mutirão traz em sua raiz etimológica no
tupi-guarani justamente a ideia de "trabalho em comum". Remete a
práticas ancestrais da construção em conjunto, do prestar auxílio para criação
de espacialidades nas quais se exercita a doação mútua, deste modo, o mutirão é
uma prática perpetuada nos espaços rurais e urbanos pelas camadas ditas
populares da sociedade e, portanto, consiste em uma tática periférica que traz
à tona a política de ação direta, através da noção de autogestão.
É através deste
entendimento que o Coletivo Parabelo investiga procedimentos criativos em
performance urbana, ao promover a instauração de espaços de performação em
contextos de educação formal e não-formal, nos quais investigamos a possibilidade
de um “fazer com” em detrimento de um “fazer para”. Desse modo, as
chamadas Residências Nômades são mobilizadas pelas seguintes questões: como
aprendemos a performar com a cidade? Pode a aula de artes constituir-se em um
acontecimento performático? Ou ainda: como performar juntos? Tais inquietações permeiam às pesquisas de
mestrado e doutorado vinculadas ao programa de pós-graduação do Instituto de
Artes da UNESP, propostas por Diego Marques e Denise Rachel, ambos integrantes
do Coletivo Parabelo, respectivamente intituladas "Por uma pedagogia do
erro: errância urbana como invenção de si" e "Perfografia: performer
como cartógrafo, performance como cartografia no ensino de artes", com
orientação da Profª Drª Carminda Mendes André.