quarta-feira, 22 de abril de 2015

Residências Nômades

Por Denise Rachel e Diego Marques
Perfomeiros Residentes das Residências Nômades 
UNESP/Barra Funda e CIEJA/Ermelino Matarazzo


As Residências Nômades consistem na proposição de residências artísticas realizadas em diferentes instituições de ensino, a fim de investigar processos criativos em performance urbana de modo a testar pedagogias da performance. Ao nos remetermos aos percursos nômades de outros povos, como os Walkabouts Aborígenes e as Guatás Guaranis, encontramos no nomadismo uma combinação entre deslocamento e assentamento de maneira a atender às necessidades de uma coletividade que se organiza através de uma relação sensível com um dado contexto. Neste momento, as Residências Nômades acontecem no Instituto de Artes da UNESP na Barra Funda e no CIEJA Ermelino Matarazzo, localizados respectivamente nas zonas oeste e leste de São Paulo.

Assim, as Residências Nômades propõem o deslocamento entre o ensino superior e o ensino básico como possibilidade de construção de conhecimento em arte da performance.  Para tanto, as residências artísticas nas instituições de ensino são organizadas através do que denominamos Mutirões Performáticos. A palavra mutirão traz em sua raiz etimológica no tupi-guarani justamente a ideia de "trabalho em comum". Remete a práticas ancestrais da construção em conjunto, do prestar auxílio para criação de espacialidades nas quais se exercita a doação mútua, deste modo, o mutirão é uma prática perpetuada nos espaços rurais e urbanos pelas camadas ditas populares da sociedade e, portanto, consiste em uma tática periférica que traz à tona a política de ação direta, através da noção de autogestão.


É através deste entendimento que o Coletivo Parabelo investiga procedimentos criativos em performance urbana, ao promover a instauração de espaços de performação em contextos de educação formal e não-formal, nos quais investigamos a possibilidade de um “fazer com” em detrimento de um “fazer para”. Desse modo, as chamadas Residências Nômades são mobilizadas pelas seguintes questões: como aprendemos a performar com a cidade? Pode a aula de artes constituir-se em um acontecimento performático? Ou ainda: como performar juntos?  Tais inquietações permeiam às pesquisas de mestrado e doutorado vinculadas ao programa de pós-graduação do Instituto de Artes da UNESP, propostas por Diego Marques e Denise Rachel, ambos integrantes do Coletivo Parabelo, respectivamente intituladas "Por uma pedagogia do erro: errância urbana como invenção de si" e "Perfografia: performer como cartógrafo, performance como cartografia no ensino de artes", com orientação da Profª Drª Carminda Mendes André.